'Minha vida virou ruína', diz pai de menina infectada por HIV em hospital

HIV (Foto: Reprodução/TV Bahia)

O pintor de carros Carlos Alberto da Silva Ribeiro, de 40 anos, mora de aluguel no município de Camaçari, na região metropolitana de Salvador, com as quatro filhas. Uma delas foi infectada aos 3 anos de idade pelo vírus HIV durante transfusão de sangue no Hospital Geral Roberto Santos, na capital baiana.

Em 2005, a família entrou com um processo na Justiça, que chegou a ser julgado em 2010, mas o Governo do Estado recorreu. Na terça-feira (24), em novo julgamento, saiu decisão para pagamento de pensão vitalícia de quatro salários mínimos e indenização de R$ 100 mil à família da menina. O governo informou que vai recorrer.

Segundo o pai, a filha que hoje tem 16 anos não é mais a mesma depois que descobriu a doença. “Às vezes ela fica até depressiva. Ela é uma menina triste, se diverte muito pouco. A alegria dela não vai voltar como era antes de ficar doente”, lamenta.

Carlos Alberto afirma que a jovem também sofre de um tipo de retardo mental causado por um problema no cérebro. Ele diz que a garota cursava a segunda série do Ensino Fundamental, mas decidiu largar os estudos há três meses por dificuldade em acompanhar os amigos e por se sentir rejeitada. O pai, que é responsável por toda a renda da família, conta que falta dinheiro para pagar uma escola especial para a filha. “Ela fala como se fosse uma menina de 10 anos e está precisando de um investimento que eu não estou podendo fazer na saúde dela. Ela precisa de um colégio particular para fazer um tratamento especial para estudar”, relata.



Segundo Carlos, a jovem precisou ser internada no Hospital Roberto Santos aos três anos de idade por conta de uma anemia. Ele diz que ao fazer a transfusão de sangue, o corpo da filha começou a apresentar algumas mudanças. “Perguntei ao médico por que o corpo dela estava vermelho e me disseram que era uma reação alérgica, que quando eu chegasse em casa ia passar. Nunca mais passou”.

Carlos lembra que a criança começou a ficar doente com frequência e, por isso, ele fez um plano de saúde. Ao levar a menina a um hospital particular, ele pediu que o exame de HIV fosse feito. “Eu suspeitava que fosse essa doença, mas eu não tinha coragem de pedir para fazer o exame”, disse.

Ao saber que a filha era portadora do vírus HIV, Carlos diz que tudo mudou na vida dele. “O mundo desabou. Minha vida virou uma ruína. Eu fiquei muito triste”. De acordo com o autônomo, ele desconfiou que o caso fosse de responsabilidade do estado porque não há histórico de HIV na sua família. A partir daí, acionou um advogado e entrou com uma ação direta contra o estado.

Para cuidar da garota, Carlos Alberto teve que vender sua casa própria e um carro. “Detonei um carro, detonei uma casa. Destruí tudo que tinha para pagar o tratamento. Perdi diversos empregos e hoje moro de aluguel”, relata o pintor, que diz ainda que não tem dinheiro para pagar um tratamento de pele e óculos novos para a filha, que tem um grau de miopia muito elevado.

Mesmo com a condenação do Governo do Estado da Bahia, o pai diz que continua indignado com a situação. “Eu estou triste porque eles vão recorrer. Eles não abraçaram a causa”, aponta.

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